Quem?
Sufjan Stevens, cantor e compositor multi-instrumentista norte americano, enfim lança seu álbum prometido pro ano de 2010.
O que?
Sufjan Stevens, nascido em Michigan, havia há alguns anos prometido fazer um álbum conceitual para cada estado Norte Americano durante o lançamento de Michigan. Isso parou em Illinoise, seu segundo álbum nessa linha de raciocínio.
Mas em 2010, exatamente cinco anos após seu último full lenght, Stevens liberou primeiro seu EP All Delighted People (com quase uma hora de duração, por incrível que pareca) e alguns meses depois vem The Age of Adz – pronuncia-se Odds – seu trabalho “oficial” prometido para o ano.
Então?
The Age of Adz é um álbum bem complexo de se escutar. Digo complexo no sentido de que Sufjan realmente se dedicou muito para concluir esse trabalho.
São ao todo onze músicas cuidadosamente bem trabalhadas, com arranjos interessantíssimos mesclando muito da raiz folk do cara com bastante influência eletrônica e, principalmente, vocais e coros muitissimo bem arranjados, criando uma atmosférica única dentro de uma sonoridade bem pop e acessível.
Par fãs novos, como eu, entrar de cabeca nesse trabalho sem referência prévia do artista é um deleite.
Ao princípio, não sabia do que se tratava e devo admitir que o que mais atraiu em buscar mais sobre ele foram a maravilhosa capa do disco e seu nome um tanto quanto incomum o, que ao escuta-lo, me lembrou não sei por que diabos Yusuf Islam (outrora conhecido como Cat Stevens).
E talvez, encontrei algumas semelhancas entre os artistas, principalmente nos arranjos mais modernos do segundo (principalmente em seu último álbum).
E, já que fiz esse paralelo, foi uma grande descoberta.
Logo após uma pequena introdução de dois minutos, o álbum abre com o petardo Too Much, uma das melhores faixas do ano, segundo minha opinião. Sequenciado vem a faixa-título The Age of Adz, de quase oito minutos, casando perfeitamente um belíssimo violão com uma instrumentação eletrônica e um vocal dramático.
Sufjan Stevens – Too Much
Sufjan abusa de instrumentos como harpas, banjos e corais que parecem se encaixar como peças perfeitas com os arranjos eletrônicos. Um belo exemplo é a faixa Vesuvius, possivelmente narrando a impotência humana perante a força da natureza.
Sufjan Stevens – Vesuvius
Liricamente, o álbum passeia por temas como relacionamento, idade, impotência, o que o torna bem intimista, mas com alguns arranjos bem lúdicos que por muitas vezes me lembraram trilhas sonoras da Disney. Digo isso porquê o vejo como algo a ser escutado solitariamente.
É um álbum com muita informação, que busca ao ouvinte uma imersão nesses temas propostos pelo músico. E vale cada segundo.
Stevens ainda puxa para um lado mais “leve” quando vem com a faixa I want to be well (com um coro brilhantemente arranjado enquanto ele vocifera “I’m not fucking around”, que mais parece um grito a uma maturidade recém-descoberta.
O maior destaque desse álbum, com certeza,é a épica faixa de encerramento, Impossible Soul – com duração de vinte e cinco minutos – que fecha essa obra de arte com chave de ouro.
Desde meus tempos de fã de rock progressivo (principalmente a banda Transatlantic e suas faixas de mais de meia hora) uma música desse tamanho não me chamava atenção. Ao todo são cinco partes, cada qual com seu mood bem individual, mas muitíssimo bem costuradas entre si.
Emocionante ouvir a transição da segunda parte, repleta de auto tunes vocais e arranjos desconexos, para a terceira com um coro maravilhoso que canta “t’s a long life / Better pinch yourself / put your face together / better get it right / it’s a long life / better hit yourself / put your face together / gotta stand up straight”.
E um veredito?
Sufjan cria, com maestria, um dos melhores e mais completos trabalhos do ano passado. Um álbum incrível, segundo minha opinião.
Depois desse todo esse mosaico, com certeza, minha maior vontade é de assisti-lo ao vivo. Deve ser uma experiência incrível a reprodução de todos esses sons ao vivo.
Um trabalho de gênio.